três pensamentos

#1

Exploro o
tecer como um ato que envolve todo o corpo e os sentidos, que afeta e é
afetado. Um fazer-ritual de conexão profunda comigo e com quem veio antes de
mim, com a natureza e suas intempéries, vulnerável e susceptível as mudanças do
tempo e da vida. Exploro o tecer expandido, que se desloca e escapa dos espaços
sedentários e íntimos, pertencentes ao universo imóvel da casa, onde por muito
tempo foi o espaço a nós destinado, para ser uma prática de desvelar e
desvelar-me. Criar tramas de fios e corpo, criar territórios imaginados e
improváveis, que teimam em contrariar limites impostos, impetuosos como
entidades.


#2

Na
incessante necessidade dos deslocamentos, dos movimentos constantes de idas e
vindas, parece inevitável criar uma espécie de relação afetiva com lugares
pelos quais passamos. Fazer destes lugares indeterminados um ninho para novas
relações e onde criamos narrativas enviesadas, momentâneas e transitórias. E
justamente, neste acúmulo de vivências é que conseguimos situar quem somos
justo, no exato momento quando brincamos de não ser nós mesmos.


#3

Precisei
repor esse mar de dentro, um subterfúgio para preencher os vazios que foram
capazes de secar meus oceanos mais profundos. Superstições são assim como a fé,
um refúgio para quem acredita, mas também pode ser uma prisão, já que o
acreditar pode reconfortar ou punir.

Mônica Lóss© All rights reserved.
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